Como era sentir a gravidade lunar simulada no estômago

Existe apenas uma maneira de experimentar a gravidade lunar ainda na Terra: um vôo de avião parabólico.

Junte-se às nossas perguntas e respostas com o coordenador de voo parabólico da ESA, Neil Melville, e a redatora sênior do Space.com, Tereza Pultarova, às 12h EDT (1700 GMT) na quarta-feira, 7 de junho.

Na gravidade lunar, seu corpo é tão leve que você se sente como um super-herói, de repente capaz das habilidades calistênicas mais avançadas: flexões com um braço? A desafiadora posição L-sit quando todo o seu peso corporal repousa sobre suas mãos? Na lua, sem problemas! Mas experimentar a gravidade lunar ainda na Terra tem seus desafios.

Como muitas das melhores oportunidades da vida, meu "bilhete" para um voo parabólico simulando a gravidade lunar chegou por acaso. Em fevereiro deste ano, entrevistei o professor de anestesiologia Alexander Chouker, da Universidade de Munique, na Alemanha, sobre pesquisas europeias sobre hibernação para voos espaciais de longa duração. A história acabou sendo meu artigo mais lido naquele mês, o que por si só me trouxe muita satisfação.

Logo após a publicação da história, recebi um e-mail de Chouker. A linha de assunto por si só fez meu coração bater mais rápido. "Voo parabólico?" ele leu.

Um proeminente especialista em fisiologia espacial e os efeitos do espaço no corpo humano, Chouker deveria fazer um experimento celular em um vôo parabólico simulando a gravidade lunar e marciana. O voo seria no final de abril e havia lugar disponível para um jornalista. Eu estaria interessado em ser apresentado como um possível candidato?

Foi um daqueles e-mails que você responde sem envolver o cérebro.

"Absolutamente! Que oportunidade maravilhosa! Obrigado por pensar em mim!" Eu apertei "enviar".

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Uma fração de segundo depois, uma onda de pânico tomou conta de mim. Como na Terra eu vou lidar com isso? Ao longo da minha infância, cada viagem escolar era um pesadelo. Eu era aquele garoto notório com o saco de doente - aquele que tinha que sentar bem na frente do ônibus com os professores enquanto os garotos legais se divertiam na parte de trás. Lembro-me de ter tomado pílulas antienjôo que eram tão amargas que o gosto delas na minha língua era suficiente para me deixar ainda mais enjoado. Cada viagem de carro da família exigia estocar sacolas e chicletes. Mesmo na minha idade adulta, algumas viagens de observação de baleias nas Ilhas Canárias se transformaram em provações.

Eu nunca havia participado de um voo parabólico antes, mas conhecia o apelido para esses voos: o cometa do vômito.

Os voos parabólicos criam condições de ausência de peso ou gravidade reduzida seguindo uma trajetória de subidas e descidas íngremes e mergulhos estressantes. Durante essas montanhas-russas aéreas, os passageiros a bordo experimentam breves períodos de quase o dobro da força da gravidade da Terra, tanto quando o avião acelera e sobe quanto quando desce. No pico de cada parábola, há um curto período de menos de 30 segundos de gravidade zero ou reduzida. Durante um voo científico, como o que me foi oferecido, os pilotos realizam 30 dessas manobras em rápida sucessão, com apenas pequenos intervalos entre elas. Isso é o suficiente para deixar até mesmo as crianças legais do fundo do ônibus doentes!

Mas foi simplesmente uma daquelas oportunidades que você só pode aceitar com gratidão e rezar pelo melhor. Quando soube que o voo aconteceria no meu aniversário de 40 anos, parecia quase um desafio do universo.

Eu compartilhei minhas preocupações sobre adoecer com Chouker e depois com os organizadores do voo, representantes da Agência Espacial Européia (ESA) e da empresa francesa Novespace, única fornecedora de voos parabólicos da Europa. Também falei sobre minhas preocupações nas redes sociais. Todo mundo que eu conhecia que tinha estado em um (ou muitos) desses voos estava me tranquilizando: eu receberia uma injeção de um remédio forte, muito mais forte do que as pílulas comuns para enjôo disponíveis no balcão ou aquela coisa amarga da minha infância. Funciona maravilhas. "Você vai ficar absolutamente bem", previram alguns deles.